Fazendo parte desta onda, o sistema de financiamento adotado pelo SESC (Serviço Social do Comércio) foi chamada de primeira página do “New York Times” de 27 de março. Uma avaliação positiva da instituição e do modelo adotado – singular e invejável segundo vários gestores de programas culturais de países desenvolvidos.
O texto, escrito pelo ex-correspondente Larry Rother, ressalta que enquanto organizações culturais em todo o mundo cortam programas para se adaptarem à redução das receitas, agravada pela crise que a partir de 2008 atingiu os EUA e Europa, o Brasil colhe frutos do crescimento econômico de 7,5% em 2010 e 2,7% em 2011. A economia cresce e com ela a oferta de empregos, as remunerações pagas. E daí vem o crescimento orçamentário do SESC que foi em torno de 12% em 2011–a entidade privada sem fins lucrativos, cujo papel é consagrado na Constituição Federal, recebe de empresas do comércio e dos serviços uma taxa compulsória de 1,5% sobre a folha de pagamento.
“O Sesc é um modelo maravilhoso que nós deveríamos ter no mundo inteiro”, disse ao jornal NYT a produtora cultural Nan van Houte, atualmente diretora do Instituto de Teatro da Holanda e ex-presidente da International Network for Contemporary Performing Arts. “Integrar tudo, ter teatros, piscinas, bibliotecas, restaurantes, workshops e museus, tudo junto, é [uma ideia] muito inteligente. Isso faz com que a cultura se torne parte do dia a dia, e não uma coisa à parte”, afirmou Van Houte.
Danilo Miranda, diretor do Sesc de São Paulo e citado na matéria, é muito conhecido entre os profissionais do mercado cultural por conta das parcerias internacionais, das escolhas curatoriais que faz e da forma como conduz sua gestão. No artigo, falando de orçamento, ele traz cifras – algo equivalente a US$ 600 milhões por ano. É quase o que o National Endowment for the Arts ¹ gasta em todo o Estados Unidos.
O SESC opera em todos os 27 estados do Brasil. Financia , além de programas culturais, atividades recreativas, cursos educacionais e projetos da área de saúde. No estado do Rio de Janeiro são 22 unidades, espalhadas pelos diversos municípios e beneficiando desta forma a população residente em regiões mal, ou mesmo não atendidas pelo poder público. Em uma rápida pesquisa dos equipamentos culturais divulgados no site da SEC ( Secretaria Estadual de Cultura), o cenário apresentado foi: Rio de Janeiro: 35 espaços, Duque de Caxias: 1 espaço, Petrópolis: 1 espaço e nenhum espaço em Campos, Nova Iguaçu e Teresópolis. Todos exemplos de municípios que contam com a presença de uma unidade do Sesc, o que demonstra que a concentração das ações, até melhor equacionada, porém ainda não totalmente resolvida com os Pontos de Cultura², há muito tempo foi pensada quando da divisão regional da atuação da entidade. E este alcance, comparando com o dos projetos incentivados por meio de renúncia fiscal, onde a divisão dos recursos não é tão democrática e privilegia espaços culturais de determinadas regiões – no caso do Rio de Janeiro o centro da cidade e a zona sul, tornou-se seu ponto forte.
¹ National Endowment for the Arts - NEA é uma agência independente do governo federal dos EUA, criada por um ato do Congresso em 1965, que oferece apoio e financiamento para projetos que apresentam excelência artística.
² Pontos de Cultura é o programa que dá apoio a iniciativas culturais da sociedade civil. Resultado da parceria do Governo Federa (Programa Mais Cultura) com os Governos Estaduais. Os selecionados recebem recursos para a realização de cursos e oficinas, produção de espetáculos e eventos culturais, compra de equipamentos e outras ações. Além disso, participam de qualificações em áreas como Gestão, Cultura Digital, Assessoria Jurídica, Marketing e Produção Cultural.
Em sua última edição – a de 2009 - o edital de Pontos de Cultura no estado do Rio bateu o recorde de inscrições no país e revelou um panorama de mudanças. Dos 715 projetos inscritos, 51% vieram do interior do estado, da Baixada e do Leste Fluminense, enquanto 49% partiram da capital. Isso mostra a inversão de uma tendência histórica e configura um redesenho do perfil cultural do estado.
A princípio, o edital selecionaria 150 projetos. Mas, diante de tanta procura, o MinC e a SEC decidiram incluir mais 80 Pontos de Cultura, totalizando, assim, 230 contemplados, num investimento de R$ 44 milhões. Cada grupo selecionado receberá R$ 180 mil ao longo de três anos (R$ 60 mil por ano).
Outro benefício para os selecionados é que eles passam a fazer parte da Rede Nacional de Pontos de Cultura, tendo, assim, contato com iniciativas culturais de todo o país. Dessa forma, participam de eventos como a Teia Brasil, que reúne todos os pontos de cultura do território nacional.
Fonte: Site SEC- http://www.cultura.rj.gov.br/apresentacao-projeto/pontos-de-cultura-do-estado-do-rio-de-janeiro